sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Bonsai - Alejandro Zambra


No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. Digamos que ela se chama ou se chamava Emilia e que ele se chama, se chamava e continua se chamando Julio. Julio e Emilia. No final, Emilia morre e Julio não morre. O resto é literatura.

Poeta chileno, nascido em 1975, Alejandro Zambra estreou na prosa com Bonsai, que carrega muitos toques de poesia e pode ler lido quase que como um sonho, cheio de detalhes com significado pungente.

Bonsai conta a história de Julio e Emilia, um jovem casal de universitários que não fica junto no final.

Uma narrativa clássica serve para contar uma história, mas, ao revelar tudo no primeiro parágrafo, Alejandro Zambra subverte a lógica tradicional.

Para quem é fã de literatura, a leitura da obra é um prazer, pois essa forma de arte percorre toda a narrativa, como no trecho:

A primeira mentira que Julio contou a Emilia foi que tinha lido Marcel Proust.

O relacionamento, baseado na mentira da literatura já começa fadado ao fracasso. E ambos, relacionamentos e literatura, não vêm fácil, é preciso trabalhá-los, coisa que o autor faz com maestria.

Na narrativa, as frases são curtas, assim como o próprio texto. Como um bonsai, a obra de Alejandro Zambra é pequena e primorosa.



Nota: 5/5