Jane the Virgin tem alguns defeitos, como qualquer série. Mas não quero falar deles porque o show é muito, mas muito bom.
O primeiro ponto positivo que eu destacaria é o tema central da narrativa: o relacionamento (e o amor) das mulheres Villanueva: Alba, a avó, Xiomara, a mãe e Jane, a filha. Em pleno 2021 é tão difícil encontrar séris e livros que tratam sobre mulheres que isso por si só já me atrai. E a construção desse relacionamento é magistral. Elas começam muito próximas, mas com várias questões não resolvidas que o show vai elaborando ao longo das temporadas. O arco de crescimento é muito bem feito. Acredito que a série seja sobre isso: relacionamentos entre mulheres. E aqui a gente pode colocar as personagens Lina e Petra. A última também tem um arco de crescimento fantástico.
Outra coisa que é muito legal é a homenagem às telenovelas. O fato de a série retratar mulheres latinas (muito pouco representadas) é maravilhoso. E as mulheres Villanueva são viciadas em novelas (latinoamericanas, claro). Nessa toada, também temos o pai de Jane, que é um famoso ator mexicano. Mas a homenagem não para por aí. As reviravoltas e acontecimentos absurdos são incluídos na série, fazendo dela uma paródia (é importante lembrar aqui que paródia não é tirar sarro, mas sim pegar um gênero e incorporá-lo em outro) perfeita do gênero. Quando a irmã gêmea perdida de Petra surge, foi impossível não lembrar de Paola e Paulina, a gêmea boa e a gêmea má, da novela A usurpadora, que foi um sucesso aqui no Brasil. O absurdo dos acontecimentos não caberia em uma série americana comum, mas o universo de Jane the Virgin permite que eles ocorram naturalmente.
O último ponto é o realismo mágico, uma das criações mais belas da literatuara, que surgiu na América Latina. Quando Jane (e outras personagens) sentem amor, o coração dela brilha. Quando recebe flores, elas desabrocham em suas mãos. Quando beija Michael, ela volta flutuando para casa. Quando beija Rafael, pétalas de flores começam a cair ao redor deles. Isso sem contar o fato de Jane conversar com as personagens de seus livros, que ganham vida e aparecem como pessoas de carne e osso em sua frente, ou o fato de estátuas e ursinhos de pelúcia falarem. Também há a briga no ringue entre Jane e Petra e a cena mediaval com Jane e Michael. O uso do mágico funciona, de novo, porque o universo da série permite que esses elementos sejam incorporados.
Jane the Virgen é um deleite. Recomendo muitíssimo.
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