quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

* Still I Rise - Maya Angelou *

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may tread me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise.

Does my sassiness upset you? 
Why are you beset with gloom? 
'Cause I walk like I've got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.

Did you want to see me broken? 
Bowed head and lowered eyes? 
Shoulders falling down like teardrops.
Weakened by my soulful cries.

Does my haughtiness offend you? 
Don't you take it awful hard
'Cause I laugh like I've got gold mines
Diggin' in my own back yard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.

Does my sexiness upset you? 
Does it come as a surprise
That I dance like I've got diamonds
At the meeting of my thighs? 

Out of the huts of history's shame
I rise
Up from a past that's rooted in pain
I rise
I'm a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that's wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Não te moves






Três da tarde não é uma boa hora para almoçar, Beto não tinha companhia. Seus horários desregrados o permitiam ir a festas em segundas-feiras, mas muitas vezes o privavam do convívio com amigos das nove as seis, como costumava dizer. Não havia problema, seu almoço, na verdade, era o café-da-manhã. Qual o sentido de levantar antes do meio-dia?

Acordara desejando ardentemente um croissant, aquele do bistrô francês em Pinheiros. Levaria meia hora, talvez quarenta e cinco minutos para chegar. Acabou por escolher um restaurante simples, perto de casa, vez ou outra comia lá. Pediu um sanduíche para a mulher que sorria como se o conhecesse. Será que... ? Não se lembrava, talvez já a tivesse encontrado antes, resolveu sorrir como se assim fosse, desse modo evitaria ser rude e, quem sabe, poderia ter companhia aquela noite. Ela era bonita, tinha pernas longas e um sorriso incrível.

Cinco minutos depois, Beto se remexia na cadeira, ansioso à espera da comida. Porque demorava tanto? E a mulher sorridente, onde tinha se metido? Não parava de pensar nela. Será que a conhecia? De onde? Precisava vê-la novamente. Sua inquietação só aumentava. Aproximadamente sete minutos após a entrada de Beto no restaurante, seu pedido chegou com uma moça que ele definitivamente não conhecia, mas estava determinado a provar.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Músicas que empoderam - Less teeth, more tits - Lunachicks





Uma das músicas mais fodásticas de uma das bandas mais fodasticamente feministas que conheço. 

Less Teeth, More Tits


Miss Demeanor, a miss take a miss hap-oh. 
I implore you. It's no miss tery I dont wanna know you 
But Miss America I cant Ignore you 

You can wipe out all our progress with your little cotton ball 
slice and dice your face to perfection 
Slip up a word and down you fall 
teeth are chapped, lipo-sucked 
hair is set and nose is contoured. 
tummy's tucked and boobs are lifted, 
uncross your legs and your pantyhose shifted 

am I smilin enough? am I smilin too much? 
am I tucked in and buckled, do my tits touch? 
Hi, how are you, how high are you 
Less Teeth and More Tits Its never enough 


You'll never be good enough 
you got Less Teeth & More Tits 
What a bunch of hipocrits tryin to change the world 
bonded tooth smiles travel so many miles 
how you gonna change the world? 
I wanna see something else 
why wont you show me something else 


You put the X-tra in ordinary 
you are the minus to the plus size 
You put the blues into my brown eye 
you put the "turd" into saturday 
something different and meaningful 
that makes your smiles not seem so evil 
when that crown falls off your head 
will you still feel better off dead? 
I wanna see something else. 




Senhorita Conduta, um erro, um acidente 
Eu te imploro
Não é mistério eu não quero conhecer você
Mas Miss América, eu não posso te ignorar.

Você pode afastar todo o nosso progresso
Com sua pequena bola de algodão
Fatiar e servir seu rosto até a perfeição
Erre uma palavra e você desce e cai.
Dentes rachados, lipoaspiração
Cabelo arrumado e nariz acentuado
Estomago pregado e asneiras são erguidas
Descruze suas pernas e sua meia calça trocada.

Eu estou sorrindo o bastante? Eu estou sorrindo demais?
Estou pregada e torcida, meus seios estão apalpáveis?
Oi, como vai você, o quanto alta você está?
Menos dentes e mais seios nunca é o suficiente.

Você nunca será boa o bastante
Você tem menos dentes e mais seios
Como um bando de hipócritas tentando mudar o mundo
Sorrisos forçados viajando por tantas milhas
Como você vai mudar o mundo?
Eu quero ver outra coisa.

Você colocou algo mais onde já era demais
Você é o menor dos maiores
Você colocou azul sobre meus olhos castanhos
Você estragou o sábado.
Você pode afastar todo o nosso progresso
Com sua pequena bola de algodão
Fatiar e servir seu rosto para a perfeição
Erre uma palavra e você desce e cai.

Eu estou sorrindo o bastante? Eu estou sorrindo demais?
Estou pregada e torcida, meus seios estão apalpáveis?
Oi, como vai você, o quanto alta você está?
Menos dentes e mais seios nunca é o suficiente.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Quando crescer quero ser... Elizabeth Bennet


Orgulho e Preconceito, filme de 2005


Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) é o livro mais popular de Jane Austen e Elizabeth Bennet sua personagem mais querida pelos leitores. Além de inteligente, é perspicaz, dinâmica e, ao invés de se escandalizar com a pequeneza dos outros, ri dela. Confiante, ela não se importa em ser diferente e nem em dar voz a suas opiniões. O romance de Jane Austen narra como Mr. Darcy corteja e conquista Elizabeth. Apesar de sua clara superioridade aos olhos da sociedade é ele quem precisa se esforçar para se tornar digno do amor da moça. 

Mas o que torna a heroína de Orgulho e Preconceito tão especial? Elizabeth tem uma mente independente. Em sua recusa à proposta de casamento de Mr. Collins e, em seguida, a de Mr. Darcy, Elizabeth desafia as regras da sociedade e o senso comum da época. Mr. Collins poderia evitar o desamparo da família após a morte de Mr. Bennet e Mr. Darcy é a definição de um bom partido: rico e solteiro. Ao negar as duas propostas de casamento recebidas, ela desafia sua posição social e sua condição de inferior em uma sociedade na qual a mulher só tem valor como esposa. Elizabeth parece não ter problemas em continuar solteira até que encontre alguém que possa realmente aceitar. 

A vivacidade intelectual de Elizabeth e sua disposição para argumentação não deixam de chamar atenção e causar alarme, um dos momentos em que Elizabeth é mais incrível acontece no final do capítulo oitavo numa conversa entre Mr. Bingley, suas irmãs, Elizabeth e Mr. Darcy: 

Apesar do grande número das minhas relações, não posso gabar-me de conhecer mais de meia dúzia de moças realmente prendadas. 
— Nem eu — disse Miss Bingley. 
— Nesse caso — observou Elizabeth — deve exigir muitas qualidades para o seu ideal de mulher prendada.
— De fato, exijo muitas qualidades.
— Oh, certamente — exclamou a sua fiel aliada.
— Nenhuma mulher pode ser realmente considerada completa se não se elevar muito acima da média. Uma mulher deve conhecer bem a música, deve saber cantar, desenhar, dançar e falar as línguas modernas, a fim de merecer esse qualificativo, e além disso, para não o merecer senão pela metade, é preciso que possua um certo quê na maneira de andar, no tom da voz e no modo de exprimir-se.
— Sim, deve possuir tudo isso — acrescentou Darcy. — E acrescentar ainda alguma coisa mais substancial: o desenvolvimento do espírito pela leitura intensa.
— Já não me espanto de que conheça apenas seis mulheres completas, espanto-me é de que conheça alguma. 
— Julga com tanta severidade o seu sexo, que duvida da possibilidade de tudo isto? 
— Eu nunca vi uma mulher assim. Nunca vi tanta capacidade de aplicação, gosto e elegância reunidas numa só pessoa. 

Elizabeth, ao ouvir as palavras de Mr. Darcy, recusa sua noção do que uma dama deveria ser, ela não se encolhe ante as opiniões daqueles socialmente superiores e nem deixa de mostrar seu desdém pelo exagero das exigências impostas à mulher. Pode parecer bobo hoje em dia, mas é preciso lembrar que Orgulho e Preconceito foi publicado numa época em que mulheres não tinham direitos. Se hoje muitas mulheres sofrem retaliação apenas por falarem o que pensam, imagine a situação dois séculos atrás, por isso esse diálogo aparentemente banal representa um grande desafio à opressão exercida sobre as mulheres. 

Os defeitos de Elizabeth a tornam real e acessível, ela é cínica e às vezes implacável, quando sua amiga Charlotte Lucas anuncia que se casará com Mr. Collins, Elizabeth fica estupefata e reflete que nunca verá a amiga com os mesmos olhos novamente. A heroína também é rápida a julgar, depois que ela forma uma certa opinião sobre Mr. Darcy, demora a dissuadir-se dela, e por conta disso, por muitas vezes o trata de maneira rude. 

Orgulho e Preconceito, mini série da BBC de 1995
A história de amor entre Elizabeth e Darcy só funciona porque os dois são parecidos, ambos são honestos e tentam corrigir seus erros e defeitos assim que os percebem. É por isso que Elizabeth só aceita Darcy depois que ele ouve seus motivos para a recusa da primeira proposta de casamento e tenta corrigi-las. Quando isso ocorre, ela revisa sua opinião sobre ele e percebe seu equivoco. Ele prova que não é orgulhoso ao extremo pelo modo como trata Elizabeth mesmo depois dela o ter rejeitado. E ao invés de se ressentir de sua independência, a admira por isso. 

Os amantes valorizam coisas diferentes da grande maioria das outras personagens. Darcy admira a independência de Elizabeth e só passa a considerá-la bonita, depois de ela ter provado seu valor aos seus olhos. Elizabeth acredita que para ser feliz é preciso mais que dinheiro e um marido. Ambos procuram afinidade de espírito e é por isso que podem ser felizes juntos. 

O trajeto dos dois na história é muito parecido, mas é Elizabeth quem ensina Darcy sobre o amor. Em sua primeira proposta ele não tinha dúvidas da aquiescência dela. Para ele, era inimaginável que ela recusasse a honra de pertencer a ele. Nesse relacionamento complexo, tanto Elizabeth quanto Darcy se tornam melhores a partir do momento que assumem seus erros e tentam corrigi-los, o caminho para os dois ficarem juntos é um de aprendizagem, no qual ambos precisam repensar suas crenças e avaliar suas falhas. Quando finalmente conseguem se unir, é porque há uma igualdade de inteligência, sensibilidade e reconhecimento do valor alheio. Elizabeth sabe que nem todo casamento é capaz de trazer felicidade e é por isso, que só se entrega a alguém capaz de a admirar e respeitar tanto quanto merece.  


Em Orgulho e Preconceito, Jane Austen faz uma crítica à obsessão da sociedade de sua época com o casamento, assim como a falta de opções para mulheres (que só podem ascender socialmente pelo casamento). Elizabeth nega e desafia esses valores, ela é responsável pela construção de sua felicidade. A heroína mais adorável de Jane Austen controla o rumo de sua vida e se esforça para não cair nas armadilhas da vida em sociedade. Elizabeth encontrou a felicidade no casamento, mas se isso não tivesse acontecido, ela ficaria bem, pois escolheu ser uma pessoa completa e não somente uma esposa. Por isso, ela é um exemplo de integridade e força, é claro, sem perder o charme que a faz tão atraente até os dias de hoje.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Mulher ao espelho







Hoje que seja esta ou aquela, 
pouco me importa. 
Quero apenas parecer bela, 
pois, seja qual for, estou morta. 

Já fui loura, já fui morena, 
já fui Margarida e Beatriz. 
Já fui Maria e Madalena. 
Só não pude ser como quis. 

Que mal faz, esta cor fingida 
do meu cabelo, e do meu rosto, 
se tudo é tinta: o mundo, a vida, 
o contentamento, o desgosto? 

Por fora, serei como queira 
a moda, que me vai matando. 
Que me levem pele e caveira 
ao nada, não me importa quando. 

Mas quem viu, tão dilacerados, 
olhos, braços e sonhos seu 
se morreu pelos seus pecados, 
falará com Deus. 

Falará, coberta de luzes, 
do alto penteado ao rubro artelho. 
Porque uns expiram sobre cruzes, 
outros, buscando-se no espelho.




Cecília Meireles

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Sobre escrever



O escritor utiliza as palavras para se curar...

Escrever é desfazer-se de seus remorsos e rancores, vomitar seus segredos...

Quantas angústias venci graças a esses remédios insubstanciais!...




Emil Mihai Cioran

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015



O amor deixa a gente solitário. - Virginia. 

(Só o primeiro nome, porque hoje me sinto pertinho dela)