quinta-feira, 27 de maio de 2021

O caminho da serpente

 É com muita alegria que anuncio a publicação do meu novo livro, O caminho da serpente. 

Escrever é um derramamente, um chamado. E poder compartilhar esse chamado com os outros é um presente sem igual. Vou colocar aqui a capa e um conto do livro. Quem quiser adquirir é só entrar no site www.mahanacassiavillani.com.br ou me procurar no Whatsapp (11) 99111-7614 . 




Em "O caminho da serpente", Mahana Cassiavillani dá provas que sua voz tem o peso e as medidas necessárias para fincá-la entre as grandes escritoras da literatura contemporânea. No segundo livro de contos, gênero que pratica com maestria, a autora se contorce, mais uma vez, entre temas difíceis; não de modo panfletário, mas plenamente absorvidos pelos corpo textual: a criança gorda, a menina lésbica, o filhinho da mamãe, situações de assédio, masturbação, depressão, traição, doença, bullying, invisibilidade, perdas, reaparecem com a mesma ironia, mas agora, deitados com uma enganosa indiferença sobre o papel.

Isso porque se o caminho é o mesmo - as violências naturalizadas no cotidiano - a serpente trocou de pele: "Cobra real. Cobra pássaro que voa livre de amarras. Meus braços que não são se abrem em prece" e deixa seu rastro numa espécie de travessia entre os contos. Assim, vemos a ausência tão presente pai - da desaparição pelo abandono à morte - perpassar a grande maioria dos contos, deixando marcas profundas nas personagens. A narradora também vai trocando de pele, sendo ora uma, ora outra, irmanando-se de suas personagens para deflagrar situações terríveis a partir da mesma lente acostumada desses indivíduos vidrados em programas sensacionalistas que os olham sem ver, ou melhor, sem sentir. Tudo isso num provocativo serpentear que avança e retrocede com presteza: "Quando adulta, entendeu que, quando criança, fora muito pobre".

Essa horizontalidade na escritura, no entanto, é surpreendida por movimentos fatais: como a cobra real, que se caracteriza por botes certeiros antecedidos ou seguidos de encolhimentos, Mahana finaliza com imagens verticais que nos abismam ao final de cada conto. É uma picada cerebral. A essa autonomia plenamente constituída somam-se ainda as ilustrações de Jacqueline Harsche, que acrescentam provisoriedade e subtaneidade à natureza já serpenteante dos textos.

Geruza Zelnys

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