segunda-feira, 14 de junho de 2021

A strange stirring - Stephanie Coontz

 


The Feminine Mystique and American Women at the Dawn of the 1960s 

 

 

Um programa que gosto muito de assistir é o The Daily Show, que aborda os assuntos mais presentes na mídia e expõe a construção de sua retórica e contradições. Nos últimos minutos de cada episódio, John Stewart entrevista um convidado. Foi assim que eu ouvi falar de A Strange Stirring. Stephanie Coontz era a entrevistada do dia e levantou questões muito interessantes, então acabei comprando seu livro, que fala sobre a situação das mulheres na década de 60 e sobre como o lançamento d’A mística feminina de Betty Friedan em 1963 influenciou o movimento feminista.

 

Sempre que se fala sobre o movimento feminista, A Mística Feminina é mencionada como um dos pilares de sua segunda onda. O livro, considerado um dos mais influentes do século XX, causou grande impacto na vida de muitas mulheres e ante seu sucesso, obteve uma oposição tão ferrenha quanto sua defesa. A opressão da década de 50, assim como a falsa construção da feminilidade como sinônimo de satisfação com casamento, maternidade e afazeres domésticos imposta severamente após as mais liberais décadas anteriores, na quais, devido às grandes guerras, mulheres compunham grande parte da força trabalhadora dos Estados Unidos, é especialmente tocante. Logo no início do livro, há alguns trechos de relatos que demonstram as implicações de valores cada vez mais restritivos sendo impostos: 

 

“Os pensamentos que eu tinha eram terríveis. Eu desejava ter outra vida. Eu acordava e começava a limpar e lavar roupas e me sentia miserável. Ninguém parecia entender. Minhas amigas não se sentiam assim. Eu simplesmente supus que eu seria punida de alguma forma. Isso é o que acontece com mulheres que são egoístas. Minhas amigas diziam: você é tão egoísta.” 

 

Mas o livro não é simplesmente uma exaltação de Betty Friedan e de seus méritos. Stephanie Coontz, na verdade, é bastante crítica e nomeia um de seus capítulos de Desmistificando A Mística Feminina, no qual ela lembra que apesar de todo o impacto que teve, o livro foi o resultado da insatisfação crescente e de muitos movimentos e manifestações sociais que possibilitaram sua escrita e no qual ela ressalta que, apesar de toda a veneração que o livro causa até hoje, se seu texto for analisado, ele é bem moderado, pois um dos principais objetivos de sua autora era ajudar mulheres insatisfeitas melhorarem sua vida em família. 

 

Em suma, A Strange Stirring analisa de forma detalhada o momento histórico do lançamento d'A Mística Feminina, seu impacto, seus méritos e suas falhas, além de propor questões sobre a situação atual principalmente no que tange à relação entre carreira, educação e família para a mulher moderna. O livro é ótimo para quem gostaria de conhecer mais sobre a mulher nas décadas de 50 e 60 e o movimento feminista de forma geral. Infelizmente, acredito que esse livro não tenha tradução para o português, mas para quem puder, é uma leitura interessante e enriquecedora.

Para conhecer meus livros, acesse www.mahanacassiavillani.com.br 

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