The Feminine Mystique and American Women at the Dawn of the
1960s
Um programa
que gosto muito de assistir é o The
Daily Show, que aborda os assuntos mais presentes na mídia e expõe a
construção de sua retórica e contradições. Nos últimos minutos de cada
episódio, John Stewart entrevista um convidado. Foi assim que eu ouvi falar de A Strange Stirring. Stephanie
Coontz era a entrevistada do dia e levantou questões muito interessantes, então
acabei comprando seu livro, que fala sobre a situação das mulheres na década de
60 e sobre como o lançamento d’A mística feminina de Betty Friedan em 1963 influenciou o
movimento feminista.
Sempre que
se fala sobre o movimento feminista, A
Mística Feminina é mencionada
como um dos pilares de sua segunda onda. O livro, considerado um dos mais
influentes do século XX, causou grande impacto na vida de muitas mulheres e ante
seu sucesso, obteve uma oposição tão ferrenha quanto sua defesa. A opressão da
década de 50, assim como a falsa construção da feminilidade como sinônimo de
satisfação com casamento, maternidade e afazeres domésticos imposta severamente
após as mais liberais décadas anteriores, na quais, devido às grandes guerras,
mulheres compunham grande parte da força trabalhadora dos Estados Unidos, é
especialmente tocante. Logo no início do livro, há alguns trechos de relatos
que demonstram as implicações de valores cada vez mais restritivos sendo
impostos:
“Os
pensamentos que eu tinha eram terríveis. Eu desejava ter outra vida. Eu
acordava e começava a limpar e lavar roupas e me sentia miserável. Ninguém
parecia entender. Minhas amigas não se sentiam assim. Eu simplesmente supus que
eu seria punida de alguma forma. Isso é o que acontece com mulheres que são
egoístas. Minhas amigas diziam: você é tão egoísta.”
Mas o livro
não é simplesmente uma exaltação de Betty Friedan e de seus méritos. Stephanie
Coontz, na verdade, é bastante crítica e nomeia um de seus capítulos de Desmistificando A Mística
Feminina, no qual ela lembra que apesar de todo o impacto que teve, o livro
foi o resultado da insatisfação crescente e de muitos movimentos e
manifestações sociais que possibilitaram sua escrita e no qual ela ressalta
que, apesar de toda a veneração que o livro causa até hoje, se seu texto for
analisado, ele é bem moderado, pois um dos principais objetivos de sua autora
era ajudar mulheres insatisfeitas melhorarem sua vida em família.
Em suma, A Strange Stirring analisa de forma detalhada o momento
histórico do lançamento d'A Mística Feminina, seu impacto, seus méritos
e suas falhas, além de propor questões sobre a situação atual principalmente no
que tange à relação entre carreira, educação e família para a mulher moderna. O
livro é ótimo para quem gostaria de conhecer mais sobre a mulher nas décadas de
50 e 60 e o movimento feminista de forma geral. Infelizmente, acredito que esse
livro não tenha tradução para o português, mas para quem puder, é uma leitura
interessante e enriquecedora.
Para conhecer meus livros, acesse www.mahanacassiavillani.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário