Dia 24 de janeiro desse ano, um homem saiu com seus quatros filhos de casa para nunca mais voltar. Deixou uma carta para a mulher, 18 anos mais nova, informando-a de que aquela era a última vez que veria os filhos. Ao que tudo indica, ao ver uma carreta, ele acelerou causando o impacto que o matou juntamente com as quatro crianças.
Segundo informações obtidas aqui o casal estava junto havia sete anos. Ele, com 42. Ela, com 24, o que significa que o relacionamento começou quando a mulher tinha apenas 17 anos. Ele era violento e ela tentou sem sucesso obter medidas protetivas. Quem já precisou comparecer a uma delegacia ou se viu na dependência do sistema judiciário sabe como as coisas são.
Uma tragédia, sem dúvida, mas muito mais que isso. A violência contra a mulher não ocorre em situações isoladas. Assim como a violência contra o negro e o homossexual, ela é um sintoma do ódio, da intolerância e da certeza, de boa parte da população, de que essas pessoas não são, de fato, pessoas. O site https://machismomata.wordpress.com/ tem dados alarmantes.
Já li em diversos lugares que num primeiro encontro amoroso o maior medo dos homens é o de ser rejeitado. O das mulheres, o de ser assassinada. A diferença absurda é o reflexo desse mundo em que uma mulher sofre muito mais violência dentro de casa que fora dela.
O caso relatado é extremo, mas infelizmente muito comum. Ele expõe a condição da mulher na sociedade. Aquele homem era louco? Um doente? Possivelmente. E a frequência de casos assim refletem a loucura e a doença de uma sociedade que, repito, reluta em enxergar a mulher como ser humano.
O machismo, assim como o racismo e a homofobia, está presente em todas as esferas da sociedade e suas consequências vão desde uma briga entre namorados porque a mulher tem amigos homens até o estupro e assassinato de quem em tese é o ser amado.
É triste e assustador, por isso eu digo, feminismo pra que? Pra que esse tipo de coisa não aconteça.