Eu ouvi dizer que tem uma terapia de grupo. Terapia de grupo. Terapia já é coisa de viado. De grupo então. E só macho. Nada de mulher. Eu não vou ficar falando dos meus problemas prum bando de imbecil. Chorando porque minha mãe mimimi. Tive criação, sou homem, resolvo minhas coisas. Terapia de grupo. Sai fora.
Terapia é coisa de viado. Terapeuta é tudo mulher, pode ver. Ou então, viado. Psicologia é curso de mulher. Numa sala de cem pessoas, tem três homens só. Quer dizer, não é homem-homem, porque se fosse não tava lá fazendo psicologia. Mas até aí tudo bem, quer ser bicha, vai ser bicha longe de mim. Agora, ficar participando de grupinho aí. Não tem cabimento. E depois vem contar na maior cara de pau. Não almoço mais com esse sujeito. Depois ele vem com papinho estranho, vem querendo dar tapinha nas costas. Sai pra lá. Se vou no banheiro e ele tá lá, nem disfarço, saio mesmo. Ou então finjo que vou cagar. E quero macho me olhando? Sai fora.
Já alistou mais um pro grupinho de viado. Não quero essas coisas perto de mim. Sabe como eles chamam esse negócio? Vivência de afetividade. Que porra é essa? Veio me dizer que melhorou o casamento, que agora enxerga a mulher como ser humano e respeita e é capaz de corresponder às necessidades emocionais dela. Repito. Que porra é essa? Isso lá é jeito de homem falar? Sai fora.
Agora tão os dois aí, almoçando juntos, tomando café juntos, até mijar devem mijar juntos. E você pode imaginar o que acontece naquele banheiro. Imagina! Não, eu não quero. Se cumprimentam com um abraço bem apertado. Todo dia. Todo dia tenho que ficar olhando dois machos na maior agarração. Quer dizer, se fosse macho mesmo não tinha essa pouca vergonha, que macho que é macho agarra mesmo é mulher. Agora, quando Claudinha passa com aquela calça enfiada no rego, que é uma delícia, eles nem falam nada, dizem que é desrespeitoso. Isso lá é coisa de homem? Se ela sai na rua desse jeito, vem trabalhar na fábrica desse jeito, já sabe muito bem o que a espera. Ela gosta. E vem os dois viado com isso de ter que respeitar, nem olhar mais eles devem. Agora só olham um pro outro. Sai fora.
E no churrasco? Queriam chamar a mulherada, vê se pode. As funcionárias, as esposas, eles disseram. E as putas? Como é que vai fazer? Agora não posso nem jogar mais. Não vou arriscar. Vai que as duas bichas me agarram. Eu fui, mas fiquei só olhando. Só olhando... Futebol é jogo de homem, quero lá me arriscar? Mas não vou mesmo. Sai fora.
Maldito movimento gay. Querem que todo mundo seja bicha. Vão querer ensinar viadagem nas escolas. Os homens de verdade, machos mesmo, têm que se juntar, se unir, se aglomerar... Agarrar não, que não sou fruta. Não vou cair nessa. Fiz faculdade! Curso de homem! Trabalho em fábrica! Sou homem. De bem. Não sou bicha. Por que é que tenho que ficar olhando dois caras na maior agarração? Sai fora.
Homem. Homem de verdade. Homem de bem. Homem de Deus que não aceita viadagem. Um dia, quando tiver coragem, desce o cacete. Sai fora.
** Baseado em uma conversa com um erro de ser humano.
Hilário!
ResponderExcluirObrigada! Esse tipo de pensamento, apesar de grave, é sim engraçado.
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